O que faz
uma simples peça se tornar uma obra de arte? O que faz um livro ser considerado
um clássico? Qual a essência de Grande Sertão: Veredas, Crime e Castigo ou
mesmo Dom Casmurro para serem considerados essenciais? Alguns defendem a
identificação do “leitor” com a obra uma das vias para se tornar um clássico. Seriam os
elementos mais comuns em qualquer ser humano, como o medo, a angústia, o amor,
a culpa, ou o desejo, contados aqui no sertão ou na gelada Rússia do século
passado, mas que se torna universal, em qualquer língua, em qualquer tradução.
É neste
sentido que a nova exposição da Galeria Myralda, intitulada “Rua de Baixo”,
mexeu com o nosso interior. Seria apenas um projeto simples, caso fosse apenas
para contar parte da história da cidade de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha,
interior de MG. Mas ele vai além dessa linha, e chega a emocionar quem entende
a fundo a intenção dos autores/fotógrafos/responsáveis pelo projeto.
O projeto
nos traz muito sobre a identificação com o local onde se habita. Como você se
identifica com a sua cidade? É apenas um transeunte, que corre de um lado para
o outro, sem observar como tudo aquilo surgiu? Você é mais um que passa por uma
antiga fachada de prédio escondida atrás de placas publicitárias sem se
incomodar? É mais um que não se reconhece com aquela casa antiga colocada abaixo
sem o menor pudor, mas que fazia parte importante da história local?
Essa
exposição, junto com vídeo documentário “De baixo do rio das mulheres”, um
complemento essencial para entender o contexto das belas fotos, nos faz abrir
mais uma porta: a de identificação com nosso habitat. Por isso é bela.
Para conhecer um pouco mais, acesse a página do projeto.
Totalmente
recomendável. Não perca!
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