terça-feira, 19 de março de 2013

A rua de baixo


O que faz uma simples peça se tornar uma obra de arte? O que faz um livro ser considerado um clássico? Qual a essência de Grande Sertão: Veredas, Crime e Castigo ou mesmo Dom Casmurro para serem considerados essenciais? Alguns defendem a identificação do “leitor” com a obra uma das vias para se tornar um clássico. Seriam os elementos mais comuns em qualquer ser humano, como o medo, a angústia, o amor, a culpa, ou o desejo, contados aqui no sertão ou na gelada Rússia do século passado, mas que se torna universal, em qualquer língua, em qualquer tradução.

É neste sentido que a nova exposição da Galeria Myralda, intitulada “Rua de Baixo”, mexeu com o nosso interior. Seria apenas um projeto simples, caso fosse apenas para contar parte da história da cidade de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, interior de MG. Mas ele vai além dessa linha, e chega a emocionar quem entende a fundo a intenção dos autores/fotógrafos/responsáveis pelo projeto.

O projeto nos traz muito sobre a identificação com o local onde se habita. Como você se identifica com a sua cidade? É apenas um transeunte, que corre de um lado para o outro, sem observar como tudo aquilo surgiu? Você é mais um que passa por uma antiga fachada de prédio escondida atrás de placas publicitárias sem se incomodar? É mais um que não se reconhece com aquela casa antiga colocada abaixo sem o menor pudor, mas que fazia parte importante da história local?

Essa exposição, junto com vídeo documentário “De baixo do rio das mulheres”, um complemento essencial para entender o contexto das belas fotos, nos faz abrir mais uma porta: a de identificação com nosso habitat. Por isso é bela.

Para conhecer um pouco mais, acesse a página do projeto.

Totalmente recomendável. Não perca!

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